Faz aos outros o que gostas que te façam a ti

Estava a sair de um edifício e reparo que a uns 10 metros de distância estava uma senhora a correr na minha direcção. Eu, gentilmente segurei a porta, para lhe evitar mais esperas pois teria de tocar a campainha, esperar que viessem abrir a porta, etc. E eu como gosto muito de fazer aos outros o que gosto que me façam a mim, ali fiquei, à espera que a senhora chegasse, a segurar a porta.
Ela chega, segura a porta que eu deixo, para poder seguir o meu caminho. “Obrigada”? Ela não sabe o que significa essa palavra, a não ser que julgasse que eu fosse obrigada a esperar por ela.

Nunca mais faço uma boa acção destas. Nunca mais perco os meus segundos para evitar a espera de alguns minutos dos outros. “Ah e tal, não sejas assim, nem todas as pessoas são assim, serias injusta” disseram-me quando cheguei ao emprego irritada com tamanha demonstração de falta de educação. Já me aconteceu este não - agradecimento mais vezes ali, pois vou lá todos os dias, e noutros locais e obviamente nem todas as pessoas têm a postura desta senhora e também já me seguraram a porta até eu lá chegar e eu agradeci. Porque acho que devo, porque os meus pais me educaram e porque ninguém tem obrigação de me segurar aquela porta até que eu lá chegue.
Mas que raio se passa com as pessoas hoje em dia?

“Ah e tal, as pessoas levam uma vida stressante, ocupadas, metidas consigo mesmas, com os seus problemas, se calhar a senhora não agradeceu porque estava distraída”.
Balelas! eu fiquei a olhar para ela e ela a olhar para mim e não foi capaz de proferir a palavrinha milagrosa. É que não custava mesmo nada.

Fiquei mesmo irritada, mas como tenho boa memória visual, da próxima vez vou segurar-lhe a porta de novo, mas quando ela estiver mesmo a chegar perto de mim...
“oh! que chatice, a porta fechou-se!”