segunda-feira, outubro 09, 2006

Uma semana depois

Primeiro foi a surpresa pela decisão unilateral. O choque. O desabamento do meu mundo perfeito onde eu ao longo dos anos me moldei (pelos vistos o problema também passou por aí, pela minha anulação em detrimento do filho e da profissão do marido). As horas que passei a chorar para tentar assimilar as culpas que me eram atribuidas (que assumo mas que não vale a pena serem enumeradas) e as culpas da outra parte que não são assumidas.

Comparei esta dor à morte de dois entes muito queridos e sinceramente, do fundo do coração digo: sofri muito mais agora. Sofro porque fui surpreendida, porque nunca pensei que isto me fosse acontecer, embora acredite no amor eterno, mas que só vale a pena enquanto dura, porque estou a perder o meu companheiro. E sofro ainda mais porque o amo e porque esta decisão me foi comunicada com um "mas eu continuo a gostar muito de ti". Foi muito dificil interiorizar esta contradição. Amar e querer deixar, quando não há uma razão especifica, quando não houve um aviso, quando a unica razão é um casamento de quase uma década que foi mal alimentado, mas que não quer comer. Tornou-se um hábito, uma amizade muito cumplice, mas não aceito ser a unica culpada. Porque não fui.

Depois desta surpresa e do choque, veio a necessidade de encarar o problema de frente. Houve conversas, tentativas de alteração de hábitos (ok, só quando nos foge o tapete é que notamos a falta que ele nos faz), mas se é para acabar, acaba de uma vez, porque uma coisa que eu quero e preciso muito de manter é o meu amor-próprio, a minha auto-estima e a força (que fui buscar à Lua - depois explico esta parte), para resolver civilizadamente um problema que envolve uma criança que acaba de iniciar a vida escolar.

Hoje digo que consigo conversar sobre isto sem chorar. Porque tenho de seguir em frente.
Porque se tanta gente passa e passou por isto, eu também vou conseguir ultrapassar. Porque sou mulher e mãe e nunca me vou esquecer disso.

8 comentários:

Anónimo disse...

Amiga, deixo-te só um beijo. Sabes que estou aqui para o que der e vier, já to disse. Usa e abusa sempre que precisares. E exorciza sim que faz bem à alma.

Gosto muito de ti.

FZ disse...

Weeell... O que dizer? O que comentar? "Been there, done that", ajuda?

Podia tecer aqui inúmeras considerações, e colocar belas frases com palavras apaziguadoras, etc., mas não. Não o farei. Em 1º lugar por respeito para contigo, alguém que apenas conheço destas lides. Depois, porque já passei pelo mesmo situação que apenas não resultou em separação completa — estivémos "afastados", digamos, cerca de um mês — porque conseguimos (a minha mulher e eu) ultrapassar os nossos problemas e porque, no fundo, sempre nos amámos muito. A situação por que passei (passámos) colocou-me durante algum tempo sob o mesmo feeling que te está a inundar até ao mais ínfimo dos poros. É um nó na garganta, um desespero tal, uma chapada na cara que se apanha (sempre) quando menos se espera. Não é bonito. Não é agradável. Não o desejo a ninguém. Mas, tal como a shit, 'acontece'. Se o teu companheiro ainda gostar de facto de ti e tu sentes o mesmo por ele "E" se a fase de algum diálogo já foi ultrapassada para além de qualquer redenção, então lembra-te e lembra-o a ele que vocês têm ainda e sempre algo em comum. Fruto do vosso amor. Que ele seja a prova de que vocês se amaram e mostrem a ele, ao vosso filho, que sabem lidar com a situação como adultos e que a ele, o Amor que lhe podiam dar juntos, ainda o podem e vão continuar a dar, mesmo que um pouco mais afastados como pais.

Nestas alturas (que duram sempre bastante mais tempo do que o desejável) é fácil cair-se na tentação de vitimizar (mesmo que inconscientemente) mais alguém. Façam o que fizerem, tenham sempre ele em 1º lugar em mente.

Beijinho grande!
-FZ-

Morgana disse...

Abraço forte...

Woman disse...

Apetece pedir para não deixares essa barbaridade acontecer. O amor não deve ser tratado levianamente. Mas primeiramente cuida de ti, protege-te, ama-te... Não deixes que os estilhaços só caiam para o teu lado. Protege-te a ti e ao teu bem mais precioso, o resto tudo se compõe.

Um beijo de admiração...

VF disse...

Um abraço de força para ti!

ninguém sabe o que dizer nestes momentos, e muitas das vezes esforçamo-nos em demasia para minorar a dor de outrem.
As relações devem ser baseadas no 1+1 e não no 2, o teu 1 nunca desapareceu!

maria disse...

Gaijinha um beijo enorme...e tu és gaja com "tomates" para encarar isto de frente. Disso tenho a certeza absoluta.

Woman disse...

Continua a mexer de mais comigo este texto... Tanto...

Anónimo disse...

Como assim??
eustou surpresa... quem diria ... sempre ouvi falar bem da vossa relação ... e pelo que vos conheço ... tb tudo parecia bem ...
Vais ver que isso não passa de um momento se saturação, de habituação ... uma crise que em dada altura afecta todos os casais.
Mas voces são 2 pessoas maduras e vão saber dar a volta a situação.
separem-se por um tempo ... vão ver que sentem a falta um do outro ... o AMOR está lá ... tu própria admites.
Vou estar aqui a torcer por voces e claro pelo vosso ente querido que quer continuar com os papás juntinhos como sempre.
bjocas
e já sabes, no que eu poder ajudar e ouvir .... tás á vontade ...